Desde os primeiros dias da minha conversão até hoje, sou testemunha da operação do poder do Espírito Santo e da manifestação dos seus dons poderosos.
Tenho ouvido a voz profética através dos profetas em nossos cultos. Tenho visto e ouvido testemunhos caros e comprovados de milagres que Deus continua a operar pelo poder da fé através da oração sincera. Tenho visto e ouvido a manifestação dos diversos dons do Espírito Santo, como: profecias, visões, línguas estranhas, interpretação de línguas, etc.
Tenho visto Deus operar sem precisar das novidades e dos modismos que invadem nossas igrejas e os nossos altares. A moda agora é o “re-te-té de Jesus”. Já tentei junto a alguns admiradores e praticantes dessa nova onda traduzir o que significa re-te-té. Eles próprios não sabem ao certo. Ao que me parece, pelo que sondei, perguntei e até presenciei, o re-te-té tem a ver com avivamento, movimento, rebuliço...
Não é avivamento espiritual, posso garantir, mas com toda certeza é avivamento emocional. Durante os cultos e as festividades da igreja as pessoas caem, rodopiam, correm, marcham, pulam e gritam ao serem manipuladas em suas emoções pelos “vasos” animadores de auditório, especialistas em levantar ofertas especiais. Já que o re-te-té não tem tradução, darei a tradução que julgo mais apropriada para o termo: re-te-té – fogo de papel. Enquanto o fogo de papel não assa carne, o fogo do Espírito Santo consome todo o pecado.
Cantores e pregadores adeptos do re-te-té se atropelam querendo renome e gordos cachês e para isso são capazes de transformar o púlpito em palco e o altar em picadeiro.
A igreja passa a ser a platéia que eles precisam para centralizar o culto no homem em vez de Jesus.
Em recente visita ao interior fui informado que estava havendo regularmente programações na igreja local intituladas, assim: “encontrão dos vasos”, “segunda-feira do papoco”... Fiquei impressionado com a criatividade dos irmãos ali e perguntei o que era aquilo. A resposta foi curta e incerta: “é o re-te-té de Jesus. ”Mas, não é só no interior, na capital, nos morros da praia, nas casas, enfim, nas nossas igrejas as pessoas estão caindo e não sabem por quê; dizem alguns, que foram arrebatadas ao céu e contam visões que são próprias do inferno; ouvimos falar de “mantra gospel”, “amuletos gospeis”, “chuva de ouro”, “vigília dos vasos do re-te-té”... Existe até sites de rede de amigos onde você encontra a “comunidade do re-te-té ”.
Há algo que me chama a atenção nessas manifestações. É a ausência do rosto molhado pelas lágrimas da contrição e a reverência solene cheia de um verdadeiro sentimento de fé do adorador. As pessoas dançam, batem palmas e na constante busca por essas emoções não se firmam. São aqueles crentes que adoram novas experiências. Vivem correndo atrás de revelações emocionais de outros sem ter nenhum discernimento da verdade das Escrituras. A Palavra de Deus não frutifica em suas vidas. Na busca por essas “novidades espirituais” não conseguem aprofundar-se e dá fruto na sua vida cristã, mas apenas tentam justificar para si próprios o vazio de uma experiência que na verdade não desfrutam.
Os mentores dessas práticas esquisitas geralmente são enganadores cínicos, que se tornaram da noite para o dia populares, atraentes e admirados. A popularidade desses enganadores é a arma que usam para esconder e corromper a verdade. O que mais me choca é que esses “vasos” conseguem suporte institucional para o exercício de dons e funções de ministério, o que os ajuda a camuflar as mais variadas formas de engano e mesmo assim, permanecerem imunes e impunes.
É chegado o momento em que o dom de discernimento deverá ser ferramenta indispensável para que a igreja distinga o falso do verdadeiro, o que é santo do que é profano. Infelizmente, com o apoio de um bom número de pastores os nossos púlpitos estão cheios de “vasos” que estão “vazando”. Vasos que não tem conteúdo bíblico para pregar o Evangelho. Em suas pregações lêem um texto bíblico, falam um monte de abobrinhas, e logo começam o seu “show” particular. Visões, visagens; profecias, profetadas; caem, pulam, rodam, dançam, põem a mão na testa de alguns; quem não quer cair eles derrubam... Enfim, a adrenalina emocional sobe a mil...
Um frenesi de histeria quase que irracional eclode em meio a manifestações aparentemente espirituais que em alguns momentos apresentam sinais de mágicas, adivinhações e até ingredientes de hipnose estão sendo usados para “exorcizar” pseudos demônios ou problemas de alguns crentes. Os vasos do re-te-té manipulam os dons do Espírito Santo conforme os seus interesses e, assim promovem uma espiritualidade confusa e desprovida de lastro bíblico.
Alguns desses vasos foram transformados em “superstars”. Alguns líderes estão desapercebidos e expõe a vida da igreja que Deus lhes confiou o pastoreio entregando o púlpito para que “preguem” um evangelho obscuro e descaracterizado da forma integral da Palavra de Deus. Creio que uma das causas pelas quais os crentes e alguns líderes não reconhecem esses enganadores e nem tampouco os contestam quando eles se manifestam pode ser resumida em duas palavras: subnutrição bíblica.
Essa subnutrição gera crentes “levados por todo vento de doutrina” (Ef 4.14) e faz com que irmãos e irmãs se tornem suscetíveis ao engano. Todo esse quadro suscita algumas perguntas: Porque os crentes estão priorizando as reuniões onde o re-te-té se manifesta? Porque em alguns estados do Brasil os templos estão vazios enquanto os “vigilhões” do re-te-té estão lotados?
As respostas, talvez, devam ser dadas em forma de interrogação: A causa dessas distorções não seria a ausência da manifestação dos dons do Espírito Santo na maioria dos cultos? Ou ainda, não seria o formalismo litúrgico um embargo para operação do poder legítimo do Espírito Santo? Ou quem sabe, não são os pastores e líderes que se adaptaram a um evangelho sem as evidências do poder de Deus?
Creio que se parafrasearmos o texto de 1ªCo 2.4,5 teremos uma resposta concreta para todas estas perguntas. “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria (artifícios forjados para manipular e controlar pessoas), mas em demonstração do Espírito e de poder para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana (nas manifestações do re-te-té); e sim, no poder de Deus”.
Se na igreja que se reúne regularmente nos templos houver a legítima demonstração do Espírito Santo e de poder os dias do re-te-té estarão contados. E o Evangelho que é o poder de Deus para a salvação mais uma vez triunfará. A igreja tem o Evangelho e este é suficiente. Sempre haverá quem queira acrescentar novas fórmulas paralelas à sua essência. O Evangelho contudo, é puro e simples. O Evangelho é Cristo.
É uma pena, mas parte do cristianismo atual tem dificuldade para ser sal e luz porque se conforma em ser raso. Os vendilhões do templo voltaram e armaram suas tendas.
Que Deus nos ajude a manter a pureza da mensagem do Evangelho e a estarmos vigilantes para podermos anular “sofismas e toda altivez e se levante contra o conhecimento de Deus” (1ªCo 10.4,5).
Pr. Antonio José
Data: 02-11-2009 12:33:57
OTIMO muito equilibrado seu texto
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=lsZY560KfQg